quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Histórico - Histórias em Quadrinhos

anos 1960
Desenho do Menino Maluquinho.

Em 1960 foi vencida a resistência dos editores e surgiu uma revista em quadrinhos com personagens e temas brasileiros. Foi A Turma do Pererê com texto e ilustrações de Ziraldo (mesmo autor de O Menino Maluquinho). O personagem principal era um saci e não raro suas aventuras tinham um fundo ecológico ou educacional. O cartunista Henfil continuou com a tradição da "tira" com seus personagens contestadores Graúna e Os Fradinhos.
Os quadrinhos de super-heróis tiveram vários personagens brasileiros lançados em revista nessa época: Capitão 7 (mistura de Flash Gordon com Super-Homem), Escorpião (cópia do O Fantasma), Raio Negro de Gedeone Malagola, (baseado no Lanterna Verde da Era de Prata), Targo, (cópia de Tarzan).
No estilo policial foi criado o "O Anjo", desenhado por Flávio Colin (citado como o melhor desenhista brasileiro) que originou o filme O Escorpião Escarlate. No faroeste apareceu à tira do gaúcho Fidêncio, de Júlio Shimamoto e a adaptação de Juvêncio, o justiceiro do sertão pela Editora Prelúdio, além dos quadrinistas de horror, que trabalharam nas revistas da Editora La Selva.
Com o golpe militar houve uma nova onda de moralismo que bateu de frente com os quadrinhos. Em compensação, esse movimento inspirou publicações jornalísticas cheias de charges como O Pasquim que, embora perseguido pela censura, criticavam a ditadura incansavelmente.
A Editora EDREL (Editora de Revistas e Livro) fundada por Minami Keizi em 1967, foi pioneira no estilo mangá no país, isso quando ainda não havia se tornado febre. Ilustradores como o próprio Keizi e Claudio Seto desenhavam nesse estilo. Na época causou estranheza e, por isso, os padrões norte-americanos e/ou europeu continuaram a ser seguidos pela maioria dos artistas nacionais.
Os quadrinhos terror fizeram bastante sucesso no país, entretanto, sua produção nos Estados Unidos foi interrompida por conta do Comics Code Authority, um conjunto de regras e normas que implantaram a censura em quadrinho em meados da década de 1950, a solução adotada pela editoras foi a criação de histórias brasleiras de terror, nesse contexto, autores como o italiano Eugênio Colonnese (criador deMirza, a mulher vampiro) e o argentino Rodolfo Zalla (criador de Nádia, a filha de Drácula), Julio Shimamoto, Gedeone Malagola, Nico Rossoentre outros foram bastante ativos no gênero.
Zalla e Colonnese fundaram na década de 1960, o Estúdio D-Arte, em 1981 o Estúdio virou uma editora e foi responsável pela públicação das revistas Calafrio e Mestres do Terror.
No final de 1969, a EBAL, por conta do cancelamento da Revista do Mestre Judoca (personagens da Charlton Comics nos EUA), encomenda a Pedro Anísio e Eduardo Baron um novo herói nacional: o artista marcial mascarado Judoka. Considerado o principal super-herói brasileiro até então (ele apareceu em um filme de 1973 estrelado por Pedro Aguinaga e Elisângela).

anos 1970
Maurício de Sousa em 2003 durante a abertura da exposição "História em Quadrões". Na gravura da reprodução de "Lição de Anatomia", de Rembrandt, aparecem seus principais personagens.


O Fantasma.

No início dos anos 1970 os quadrinhos infantis no país predominaram, com o início da publicação das revistas de Maurício de Sousa e a montagem pela Editora Abril de um estúdio artístico, dando oportunidade a que vários quadrinistas começassem a atuar profissionalmente, produzindo principalmente histórias do Zé Carioca e de vários personagens Disney, mas também trabalhando com todos os personagens que a editora adquirira os direitos, como os da Hanna-Barbera. Artistas brasileiros continuaram a desenhar histórias de personagens infanto-juvenis estrangeiros, como os contratados pela RGE para darem continuidade à produção de histórias e capas das revistas de sucesso do O FantasmaCavaleiro NegroFlecha LigeiraRecruta Zero e Mandrake. Assim como os artistas da RGE, Gedeone Malagola escreveu roteiros para personagens como os X-Men, Homem Mosca, Tor, He-Man. Pelas suas contas teria escrito 1500 roteiros, a maioria não creditado.
Os motivos da criação dessas histórias são:
1) As revistas em quadrinhos brasileiras costumavam ter mais páginas que um comic booktradicional de 22 páginas Isso é uma herança dos suplementos de quadrinhos e dasantologias publicadas nos Estados Unidos
2) Personagens cujas revistas foram canceladas no exterior fizeram relativo sucesso no país.
A prática de se criarem histórias de artistas brasileiros usando personagens estrangeiros é observada desde O Tico Tico. Buster Brown ou (Chiquinho no Brasil) de Richard Felton Outcaultfoi o primeiro personagem estrangeiro escrito e desenhado por brasileiros.
Vale mencionar a tentativa da Editora Abril em abrir espaço para personagens e autores brasileiros, com o lançamento da Revista Crás! (1974-1975), que trazia alguns personagens satíricos como o Satanésio (de Ruy Perotti) e o Kaktus Kid (de Canini, conhecido desenhista brasileiro do Zé Carioca).
Nos anos 1970, começou a circular no Brasil a revista MAD em português, que além do material original, trazia trabalhos de artistas nacionais, com destaque para o do editor Ota. O sucesso desse lançamento, também fez surgirem revistas similares, como Pancada (da Abril) e Crazy (daBloch Editores).
Aproveitando a onda do western spaghetti foram criados Johnny Pecos, ChetChacal, Katy Apache dentre outros.
Na linha da crítica política e social apareceu a revista Balão, de autoria de Laerte e Luiz Gê e publicada por alunos da USP mas com curta duração de dez números. Alem da dupla de criadores, a revista revelou vários autores igualmente consagrados nacionalmente até hoje, como os irmãos Paulo e Chico CarusoXalberto, Sian e o incrível Guido (ou Gus), entre outros.
Em 1971, as regras do Comics Code se tornaram mais brandas. A Marvel Comics passou a publicar títulos de terror e em meados dadécada de 1970, a Bloch Editores que na época possuia licença dos Quadrinhos Marvel, resolveu publicar esses títulos no Brasil. Tal como aconteceram com os títulos anteriores de terror, essas revistas também deram espaço para a produção local.
Em 1976 a Editora Grafipar, que inicialmente publicou livros, resolveu entrar no mercado de quadrinhos. Em 1978, Claudio Seto montou um Núcleo de Quadrinhos na editora, que teve nomes como Mozart CoutoWatson PortelaRodval Matias, Ataíde Braz, Sebastião Seabra, Franco de Rosa, Flávio ColinJúlio ShimamotoGedeone Malagola, entre outros.

anos 1980
Nessa década se consolidou o trabalho artístico de vários quadrinistas brasileiros, tais como AngeliGlauco e Laerte, que vieram ajudar a estabelecer os quadrinhos underground no Brasil (aliás, alguns denominam de "overground", porque vendidos em banca; "underground" seriam "O Balão" e outras dos anos setenta, vendidas de mão em mão).
Outros rotularam esta turma como representantes do "pós-underground". Eles desenharam para a Circo Editorial em revistas como Circo e Chiclete com Banana. Os três cartunistas produziram em conjunto as aventuras de Los Três Amigos (sátira western com temáticas brasileiras) e separados renderam personagens como Rê BordosaGeraldãoOverman e Piratas do Tietê. Mais tarde juntou-se a "Los Três Amigos" o quadrinista gaúcho Adão Iturrusgarai. Mesmo com o falecimento de Glauco, a Folha de São Paulo publica tiras e cartuns dos quatro e foram lançados álbuns deles por diversas editoras (mas principalmente pela Devir Livraria). Outro quadrinista de sucesso na época e que continuou na década seguinte é Miguel Paiva, criador dos personagens "Radical Chic", "Gatão de Meia Idade" e desenhista das tiras do detetive "Ed Mort", famosos por também terem sido adaptados para televisão, teatro e cinema.
A Folha também publica tiras de Caco Galhardo (Pescoçudos) e Fernando Gonsales) (Níquel Náusea). Nesse período, muitas publicações independentes (fanzines) começaram a circular, aproveitando o boom das HQs no país em meados dos anos 1980 causado pelo sucesso da importação da produção internacional do material inovador que dera forma a chamada Era de Bronze dos quadrinhos. Uma dessas publicações de grande sucesso foi o fanzine SAGA, que inovou na época, ao trazer impressão profissional e capas coloridas, coisa totalmente incomum para um fanzine que via de regra eram feitos em copiadoras comuns. Seus membros continuam ativos, como Alexandre Jurkevicius e seu personagem Peralta, A. Librandi atua na área de promoção e Walter Junior continua ilustrando. Nessa época também foram publicadas as aventuras de Leão Negro, de Cynthia e Ofeliano de Almeida, divididas em tiras do jornal O Globo, um álbum publicado no Brasil e em Portugal e revistas e fanzines especializados.

anos 1990
Na década de 1990, a História em Quadrinhos no Brasil ganhou impulso com a realização da 1ª e 2ª Bienal de Quadrinhos do Rio de Janeiro em 1991 e 1993, e a 3ª em 1997 em Belo Horizonte. Estes eventos, realizado em grande número dos centros culturais da cidade, em cada versão contou com público de algumas dezenas de milhares de pessoas, com a presença de inúmeros quadrinistas internacionais e praticamente todos os grandes nomes nacionais, exposições cenografadas, debates, filmes, cursos, RPG e todos os tipos de atividades.
Em 1995, a Editora Abril Jovem, sob a direção editorial de Elizabeth Del Fiore, assina contrato com os ilustradores Jóta e Sany, autores do gibi Turma do Barulho, cujo universo, diagramação e o design das personagens, inovavam em relação aos outros personagens da época. Através de uma linguagem irreverente, Toby, Babi, Milu, Kid Bestão, Bobi, entre outros, viviam aventuras dentro de um ambiente escolar longe de ser politicamente correto, onde os roteiros eram desenvolvidos a partir da idéia O humor pelo humor.O gibi Turma do Barulho foi um dos lançamentos que mais permaneceu no mercado naquele período, sendo publicado pela Abril Jovem e logo em seguida pela Press Editora.
Apesar do sucesso,não se sabe até hoje por que os autores pararam de publicar, retornando para as atividades como autores e ilustradores de livros infantis.
Nessa época também apareceu uma nova geração de quadrinistas que foram contratados para trabalhar com as grandes editoras americanas de super-heróis, Marvel e DC Comics: Mike Deodato e Luke Ross, dentre outros.
Apesar de continuar o lançamento de diversas revistas voltadas estritamente para a HQ nacional, como "Bundas" (já extinta), "Outra Coisa" (com informações sobre arte independente) e "Caô", pode-se considerar que o gênero ainda não conseguiu se firmar no Brasil.
Graças ao sucesso de Os Cavaleiros do Zodiaco e outros animes na TV aberta começam a surgir novas revistas inspiradas na estéticamangás como adaptações dos oficias video games da Capcom Street Fighter escrita por Marcelo Cassaro, Alexandre Nagado e Rodrigo de Góes, pela Editora EscalaMegaman e Hypercomix pela Editora Magnum (editora que publicava revista com sobre armas de fogo), que teve a participação de artistas como Daniel HDR, Eduardo Francisco e Érica Awano (onde os dois último fizeram sua estreia no mercado editorial).
Entre 1997 e 1998 Marcelo Cassaro consegue licença para lançar adaptações de Street Fighter Zero 3Mortal Kombat 4 e lança suas HQs autorais Holy AvengerU.F.O. Team.

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